A Plataforma Basta de Touradas manifesta a sua total solidariedade com os autarcas da Póvoa de Varzim, ameaçados de morte após o início das obras de demolição da velha praça de touros daquela cidade e consequente fim da atividade tauromáquica naquele município, através de ameaças e envio de envelopes com balas no interior, o que constitui um ato criminoso, que surge na sequência de um processo de tentar impor à força a tradição tauromáquica naquele município.
A Plataforma Basta de Touradas assinala com repúdio que a federação “Prótoiro” e a associação “Patripove”, que durante meses alimentaram um discurso hostil, incentivando à contestação de uma decisão democrática e institucional, venham agora demarcar-se de responsabilidades em relação às ameaças efetuadas aos autarcas da Póvoa de Varzim.
Recorde-se que estas duas organizações classificaram de “ilegal” a reconversão da praça e acusaram o Presidente da Câmara Aires Pereira de “violação do património”, “violação de competências” e “violação do PDM”, além de classificar atuação da autarquia e do seu presidente de ser “acintosa”, “pejada de falsidades” e de “inúmeras ilegalidades”, acusações muito graves que nunca foram comprovadas em tribunal.
Outros setores da atividade tauromáquica alimentaram estes ataques ao município e aos autarcas eleitos, como já tinham feito em Viana do Castelo quando a autarquia abdicou de apoiar e promover as touradas nas festas da Senhora d’Agonia.
Avançaram com provocações, tentando forçar a realização de uma tourada no município sem informar a Câmara Municipal e contra a vontade da própria população. Recorreram aos tribunais e perderam. E agora escondem a mão com que atacaram a democracia e os autarcas eleitos.
A decisão do município da Póvoa de Varzim de demolir a praça de touros, abdicando de espetáculos de sangue e violência, erguendo no seu lugar um espaço multiusos de promoção da cultura, é uma decisão louvável e de grande significado no processo civilizacional de abolição das anacrónicas touradas no nosso país.
A imposição das touradas em municípios sem qualquer tipo de relação com esta tradição, contra a vontade dos eleitos democraticamente tentando travar o normal processo de evolução da sociedade, é uma ato de provocação e desrespeito pelo progresso civilizacional e pelos valores de empatia e respeito pelos animais que tem ganho cada vez mais destaque na nossa sociedade, mesmo que as touradas ainda sejam legalmente permitidas no nosso país como uma exceção na legislação de proteção animal.
Os exemplos de Viana do Castelo, da Póvoa de Varzim, Guimarães, e muitos outros municípios das regiões norte, centro e sul do país são o consequência de uma sociedade que evolui e que valoriza cada vez mais o respeito e empatia pelos animais.
A estes exemplos juntam-se o Porto, Espinho, Matosinhos, Aveiro, Barcelos ou Marco de Canaveses na região norte ou os casos de Crato, Niza, Alpalhão, Arez, Veiros, S. Tiago de Rio de Moinhos entre outras, na região do Alentejo que abdicaram das touradas nos últimos anos.
No Algarve fechou em 2020 a praça de Albufeira, a última praça de touros fixa que se encontrava em funcionamento naquela região do país.
As touradas não estão em expansão em Portugal. Pelo contrário. Estão cada vez mais confinadas a uma pequena parcela do território onde algumas autarquias continuam a financiar com milhões de euros a manutenção desta atividade, com a compra de bilhetes e outros apoios.
Abdicar de espetáculos violentos e de maltrato animal é, não só um direito da nossa sociedade, como um sinal de evolução para a concretização de uma sociedade mais pacífica, humanizada e que respeita a vida e os animais.
Por mais que tentem travar este processo de evolução natural da sociedade, através de pressões, provocações ou ameaças, ou mesmo dos fundos públicos que aguentam esta atividade decadente, é claro que não conseguirão mantê-la por muito mais tempo. Mas nesta circunstância a Plataforma Basta de Touradas manifesta a sua indignação pelas gravíssimas ameaças a titulares de órgãos públicos.
Anexo: Comunicado da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim