Indignação geral com o espetáculo tauromáquico de homenagem a João Moura, acusado de maus tratos a animais pela justiça portuguesa.
Caso João Moura chocou o país em 2020 e foi acusado de 18 crimes de maus tratos a animais.
A Plataforma Basta de Touradas considera inqualificável e incompreensível a homenagem ao cavaleiro tauromáquico João Moura agendada para esta 5ª feira, 26 de agosto, no Campo Pequeno em Lisboa.
Esta homenagem a uma pessoa que foi acusada de 18 crimes de maus tratos a animais num caso que chocou o país em 2020, é uma afronta aos valores de respeito e compaixão pelos animais, ainda por cima, quando a homenagem consiste numa corrida de touros onde outros animais vão ser sujeitos a um sofrimento atroz pelas mãos do homenageado.
Na homenagem participa ainda o filho do cavaleiro, João Moura Jr., também ele protagonista de um episódio cruel em 2013, quando atiçou vários cães para atacar bezerros num tentadero privado, tendo registado o brutal e sangrento ataque em fotografias que chocaram o país.
Apesar da revolta que esta homenagem suscita, a Plataforma Basta de Touradas apela aos cidadãos e cidadãs que manifestem o seu repúdio junto da administração do Campo Pequeno, com civismo e educação, mas não se revê em ações violentas, que envolvam insultos, agressões ou ameaças. Como em ocasiões anteriores, distanciamo-nos de manifestações e ações que arriscam a tornar-se perturbadoras da ordem pública.
Defendemos uma sociedade civilizada capaz de evoluir e de valorizar o respeito e a empatia pelos animais. Representamos uma sociedade que, na sua esmagadora maioria, não se identifica com este tipo de tradição anacrónica e cruel, da mesma forma que não se identifica com atos violentos, com insultos ou ameaças.
O Campo Pequeno já está a pagar a fatura de insistir na realização de touradas e esta homenagem coloca os responsáveis pela gestão daquele recinto do lado errado da evolução civilizacional e de uma sociedade que condena os maus tratos a animais, mesmo aqueles que são baseados na tradição.
Está na hora do Campo Pequeno ser devolvido à cidade e de se transformar numa sala de espetáculos aberta a todos, sem crueldade, sem sangue e sem sofrimento de animais.
A Casa Pia, proprietária do edifício, não pode exigir que os concessionários continuem a realizar touradas, tendo pelo contrário, a obrigação de salvaguardar que ali não se realizem quaisquer eventos que ponham em causa o bem-estar animal ou que possam ferir a suscetibilidade dos espectadores, em particular das crianças e jovens.
A Câmara Municipal de Lisboa já deixou claro que, no âmbito do contrato assinado entre as duas partes no século XIX, não existe nenhuma obrigação no sentido da Casa Pia (proprietária do edifício) ser obrigada a manter a realização de touradas naquele edifício.
Além disso, a sondagem realizada em maio de 2018 pela Universidade Católica, indica que a maioria da população de Lisboa não concorda com a realização de touradas no Campo Pequeno.
Ganhamos todos com essa evolução, mas acima de tudo ganha o nosso país e aqueles que são vítimas da violência da tauromaquia.
Plataforma Basta de Touradas.
Lisboa, 26 de agosto de 2021.
Tudo sobre as touradas no Campo Pequeno
O contexto histórico da realização de touradas no Campo Pequeno, num edifício que é propriedade da Casa Pia de Lisboa.