Touradas registam novo mínimo histórico em Portugal

O relatório da atividade tauromáquica em 2023, divulgado esta semana pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), indica que as touradas continuam a caminhar para o seu fim.

No ano de 2023 foram realizados 166 espetáculos tauromáquicos, menos 9 que no ano passado, sendo este o número mais baixo de sempre registado em Portugal. Até agora, o número mínimo de touradas (não contabilizando os anos da pandemia), tinha sido registado na temporada de 2018 com 173 touradas realizadas.

Durante a pandemia (temporadas de 2020 e 2021) a atividade tauromáquica atingiu valores muito abaixo da média devido às medidas de combate ao COVID-19. Agora que a atividade foi restabelecida sem quaisquer restrições, torna-se evidente o declínio acentuado iniciado no ano de 2009, quando se registaram 313 touradas.

Saliente-se que nos últimos 20 anos as touradas registam um decréscimo de 52% (345 em 2003).

Dados oficiais de touradas realizadas (IGAC) e público nas touradas (INE). Ainda não estão disponíveis os dados de público das touradas em 2023.

Estes dados divulgados pela IGAC contrariam totalmente as informações difundidas pela Federação Prótoiro que continua a tentar ocultar o evidente declínio da atividade tauromáquica, ignorando os dados oficiais e socorrendo-se de valores apurados sem qualquer rigor ou credibilidade.

Registe-se que ainda não são conhecidos os dados do público que assistiu a touradas este ano, uma vez que esses valores são obtidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e ainda não foram divulgados. Os dados mais recentes do INE referem-se a 2022 e indicam que as touradas tiveram 293.436 espectadores, muito abaixo dos “mais de 375 mil espectadores” divulgados pela Prótoiro.

Esperamos que em 2024 a IGAC seja mais rigorosa na fiscalização das condições de segurança das praças de touros, nomeadamente as praças desmontáveis, garantindo o cumprimento das regras de bem estar animal previstas na legislação, bem como o impedimento de espetáculos tauromáquicos ilegais que continuam a ser muito frequentes em algumas praças de touros.

Além disso, a injeção de cerca de 19 milhões de euros de fundos públicos anuais na atividade tauromáquica, tem permitido manter este negócio, mas não é suficiente para esconder o seu declínio.

Só a Câmara de Santarém gastou este ano 46.125€ em bilhetes para touradas que ofereceu ao público aficionado. Por sua vez, no Montijo a autarquia gastou 25.830€ em bilhetes em 2023.

Acrescentam-se os milhões de euros absorvidos pelos criadores de touros de lide, de fundos que deviam ser destinados à produção agrícola e que são desviados para a criação de touros e cavalos de toureio, além do investimento na manutenção e conservação das praças de touros.

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