História das touradas em Portugal

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11. O cenário atual

As touradas perderam, numa década, quase metade do público em Portugal e perderam os seus únicos patrocinadores. Praticamente nenhuma empresa nacional ou internacional, bem como instituições públicas e privadas, aceitam associar a sua imagem à violência e crueldade das touradas. Em 2018 os espetáculos tauromáquicos atingiram o seu número mais baixo de sempre em Portugal, tendo sido realizados nesse ano, apenas 173 touradas licenciadas pela IGAC.

Ao nível político, as touradas têm vindo a ser defendidas pelos partidos mais à direita e por setores mais conservadores ligados à caça e à pecuária. Partidos como o PSD, CDS-PP, Chega e o PCP (possivelmente por questões geográficas tendo em conta que parte do seu eleitorado se encontra no Alentejo e Ribatejo) defendem abertamente a realização de touradas. Contra a sua continuidade, aparecem o PAN, BE, Livre e grande parte do Partido Socialista, apesar de forte resistência dos setores conservadores do partido.

Em 2018 o PAN apresentou um Projeto de Lei para a abolição das touradas, chumbado pela maioria dos deputados da Assembleia da República. Votaram contra o PSD, PS, CDS-PP e PCP e abstiveram-se 12 Deputados do PS, 1 do PSD e 1 Deputado do BE. A favor da abolição das touradas votaram PAN, BE, PEV, 1 Deputado do PSD e 8 Deputados do PS.

Em 2020, pela primeira vez desde 1974, a maioria dos deputados da Assembleia da República aprovou uma iniciativa contrária aos interesses da indústria tauromáquica. O aumento do IVA dos espetáculos tauromáquicos para a taxa máxima de 23% estava previsto na proposta dos socialistas para o Orçamento de Estado para 2020, e a sua votação abalou o setor tauromáquico porque, pela primeira vez, a maioria dos deputados da bancada socialista colocou-se ao lado dos defensores da abolição deste espetáculo (apesar de cerca de 40 deputados socialistas se terem insurgido contra a medida) o que permitiu a aprovação da iniciativa com os votos favoráveis do PS, PAN e BE. PCP, PSD e CDS-PP votaram contra e o CH absteve-se.

Sérgio Caetano, 2013. (Atualizado em 2022).

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