Cavalo morre na arena da praça de touros de Coruche

Cavalo “Xarope” de Miguel Moura caiu fulminado na arena durante uma tourada.

É o 7ª cavalo que morre subitamente em Portugal nos últimos 10 anos.

No passado dia 20 de maio morreu mais um cavalo numa praça de touros em Portugal. Desta vez foi o cavalo “Xarope” do cavaleiro tauromáquico Miguel Moura.

O cenário de mais uma tragédia foi, novamente, a praça de touros de Coruche onde em 2019 tinha sido colhido o cavalo “Xeque Mate” de João Moura Jr. (curiosamente irmão do cavaleiro Miguel Moura) que acabou por ser abatido alguns dias mais tarde, vítimas das graves lesões sofridas.

Referindo-se ao episódio ocorrido no passado sábado em Coruche, o blog “Farpas” refere que “O cavalo sofreu uma síncope, um ataque cardíaco fulminante“. A morte do cavalo aconteceu no final da sua lide, quando o cavaleiro se dirigia para o pátio de quadrilhas para trocar de cavalo: “preparava-se para trocar de cavalo quando, mesmo à porta do pátio de quadrilhas, mas ainda na arena, o ‘Xarope’ caiu fulminado, arrastando o cavaleiro na queda“, acrescenta o jornalista que assistiu ao evento1.

Recorde-se que nestes casos, não existe um médico veterinário nas praças de touros disponível para prestar assistência aos cavalos. Além disso, estes casos voltam a suscitar a questão do intenso esforço a que são sujeitos os cavalos de toureio nas touradas e a questão das alegadas drogas ministradas a estes animais, antes das touradas. Além da inexistência de assistência veterinária, também não existe qualquer tipo de controlo antidopagem nas touradas, ao contrário do que acontece noutras modalidades equestres.

7 cavalos mortos nos últimos 10 anos

Casos deste tipo têm sido relativamente frequentes nos últimos anos. Nos últimos 10 anos, e tendo em conta apenas os casos que vieram a público, a plataforma Basta de Touradas regista 7 mortes de cavalos de toureio em Portugal, em resultado de colhidas ou de ataques cardíacos.

Em 2013 morreu na praça de touros de Santo Aleixo da Restauração o cavalo “Quebec” de José Manuel Duarte. No ano seguinte, morreu um cavalo de Vitor Ribeiro na praça de touros ambulante de Ponte de Sôr e o cavalo “Temperamento” de João Moura Caetano num treino realizado numa herdade em Monforte. Estes 3 cavalos morreram de ataque cardíaco fulminante. Em 2018 morre de morte súbita o cavalo “Arlequim” de Paulo Jorge Santos, num treino em Vila Franca de Xira. Em 2019 regista-se a morte de 2 cavalos de toureio. O primeiro foi o “Xeque Mate“, que pertencia a João Moura Jr e foi violentamente colhido na praça de touros de Coruche. Foi abatido algum tempo depois em consequência das graves lesões sofridas. Seguiu-se o cavalo “Xique” de Filipe Gonçalves, também vítima de uma grave colhida num treino na ganadaria Higinio Soveral. Morreu meses depois.

Apesar de todos estes casos, o setor das touradas não aceita que sejam introduzidas medidas de bem estar animal para os cavalos de toureio. Durante a revisão do regulamento do espetáculo tauromáquico em 2014, a plataforma Basta de Touradas propôs várias medidas neste sentido que foram descartadas.

Apesar dos cavalos serem um dos intervenientes principais nas touradas em Portugal, o regulamento ignora a sua existência.

Cavalo de toureio em tourada em Portugal.
Cavalo em tourada em Portugal

1. Tragédia em Coruche: cavalo “Xarope” de Miguel Moura morre na arena vítima de ataque cardíaco fulminante: http://farpasblogue.blogspot.com/2023/05/tragedia-em-coruche-cavalo-xarope-de.html

Cavalo de toureio em Portugal.

O sofrimento dos cavalos nas touradas

Os cavalos de toureio são vítimas de vários tipos de abuso, e muitas vezes o próprio público manifesta a sua indignação e descontentamento pela forma como alguns cavaleiros tauromáquicos abusam dos seus cavalos ou pelo uso de instrumentos cruéis, sem que o Estado tome medidas para evitar os múltiplos abusos cometidos.

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